A correlação entre o IBOVESPA(IBOV), principal índice da bolsa de valores brasileira, e o fluxo de capital estrangeiro é um dos fatores mais relevantes para compreender a dinâmica do mercado acionário no Brasil. Historicamente, o investidor estrangeiro exerce papel central na formação de preços, na liquidez e na direção dos movimentos do índice, dado seu peso expressivo no volume negociado da B3.
Considerando o período entre 01/01/2025 até 31/10/2025, os estrangeiros + ADRs* representaram 52,3% do valor de mercado sob custódia da B3, enquanto o investidor pessoa física representou 19,6% dos recursos sob custódia da B3.
*ADRs (American Depositary Receipts) são certificados negociados nas bolsas americanas (NYSE, Nasdaq) que representam ações de empresas estrangeiras, permitindo que investidores nos EUA invistam globalmente em dólar, sem precisar acessar mercados locais, simplificando a diversificação e o acesso a capitais internacionais, como fazem empresas brasileiras como Petrobras, Vale e outras.

Tabela de Composição por Tipo de Investidor
No quesito volume médio de negociação diária (ADTV) os investidores estrangeiros representaram por 58,4% do volume de negociação da B3 ao longo de 2025, enquanto os investidores pessoa física apenas 12,5% (o menor patamar desde 2017). Vejam a foto abaixo:

Negociação Líquida e Participação por Tipo de Investidor
Quando há entrada líquida de capital estrangeiro, observa-se, em geral, uma valorização do IBOV. Esse movimento ocorre porque os investidores internacionais tendem a concentrar seus aportes em ações de maior capitalização e liquidez, como bancos, empresas de commodities e companhias exportadoras, que possuem grande representatividade no índice. Assim, o aumento da demanda por esses ativos eleva seus preços e, consequentemente, impulsiona o desempenho do IBOV como um todo. Por outro lado, períodos de saída de recursos estrangeiros costumam estar associados a quedas ou maior volatilidade do índice. Em cenários de aversão ao risco global, alta dos juros internacionais ou fortalecimento do dólar, o Brasil tende a ser percebido como um mercado mais arriscado. Nessas circunstâncias, o capital estrangeiro busca ativos considerados mais seguros, provocando pressão vendedora nas ações brasileiras e impactando negativamente o IBOV. Vejam a foto abaixo que mostra a correlação entre o IBOV e fluxo estrangeiro acumulado nos últimos 6 meses.

Fonte: site carteira fundos – Fluxo Investidor Estrangeiro
Essa correlação, no entanto, não é estática. Fatores domésticos, como política fiscal, trajetória da taxa Selic, inflação, estabilidade institucional e perspectivas de crescimento econômico, podem reforçar ou atenuar a influência do fluxo estrangeiro. Em momentos em que o cenário interno é favorável, o mercado local pode mostrar maior resiliência, mesmo diante de oscilações negativas no fluxo externo. Recentemente tivemos uma alta no IBOV mesmo com o fluxo estrangeiro estando negativo, isso aconteceu por causa do bom fluxo por parte das instituições financeiras e dos fundos. Vejam a foto abaixo que mostra o fluxo das instituições financeiras na B3 nos últimos 6 meses.

Fluxo de Instituições Financeiras
Curiosidade: aparentemente os investidores pessoa física estão alocando melhor os seus recursos na parte de ações. Percebam na foto abaixo que quando a bolsa cai os aportes aumentam por parte do investidor PF, enquanto em um momento de alta da bolsa o fluxo pessoa física foi negativo (mais saídas do que entradas).

Fonte: site carteira fundos – Investidores Individuais
Em resumo, o fluxo de investidores estrangeiros funciona como um importante termômetro do apetite ao risco em relação ao Brasil e mantém forte correlação com o comportamento do IBOV. Embora não seja o único determinante do desempenho da bolsa, sua análise é essencial para investidores que buscam entender movimentos de curto e médio prazo do mercado acionário brasileiro, bem como antecipar tendências influenciadas pelo contexto macroeconômico global.
Disclaimer: Este conteúdo tem caráter informativo e não constitui recomendação de investimento. Avalie sempre os riscos e consulte uma assessoria especializada.