Os sócios da KAZA Capital, Marcos Pinheiro e Pedro Ferreira, buscaram a equipe da Serra Verde para entender como o Brasil está entrando no jogo global das terras raras. Antes de entrar na história da empresa, vale abrir o mapa dessa discussão para compreender por que esse tema movimenta governos, indústrias e investidores ao redor do mundo.
O planeta está passando por uma virada silenciosa, mas gigantesca. Carros elétricos, turbinas eólicas, aviões mais eficientes, robótica avançada, satélites e até sistemas militares modernos dependem de um grupo específico de minerais. Esses materiais permitem produzir ímãs extremamente fortes, capazes de gerar potência com baixo peso e alta eficiência. O desafio: eles não são encontrados de forma concentrada e sua extração exige tecnologia e escala.
A produção global depende quase totalmente da Ásia, o que transformou o tema em uma discussão geopolítica sobre segurança industrial e soberania tecnológica.
O que são terras raras e por que importam tanto
Apesar do nome, as terras raras não são exatamente escassas. A dificuldade está em encontrar depósitos que ofereçam viabilidade econômica, estabilidade operacional e impacto ambiental controlado. Hoje, quase toda a separação e refino mundial está concentrada em um único país, criando dependência para setores estratégicos como energia limpa, tecnologia avançada e defesa militar.
Nesse cenário, o Brasil aparece como um possível protagonista. Com grandes reservas, matriz energética limpa e posição geopolítica neutra, o país reúne condições para desenvolver uma cadeia própria de minerais críticos. O que faltava era transformar potencial em operação.
Ela marca a entrada do Brasil no grupo de países capazes de produzir terras raras em escala, algo antes concentrado quase exclusivamente na Ásia.
Um capítulo totalmente novo para a indústria brasileira
A Serra Verde se tornou o primeiro produtor em larga escala de terras raras no Brasil e o único, fora da Ásia, capaz de fornecer elementos essenciais para ímãs de alto desempenho: neodímio, praseodímio, disprósio e térbio. Esses materiais são fundamentais para o avanço da transição energética mundial.
A produção comercial começou em 2024. Desde então, a empresa vem otimizando processos e avaliando uma expansão que pode dobrar a capacidade no médio prazo. Mais do que uma mina, trata-se da construção de uma nova indústria nacional — com tecnologia própria, rigor ambiental e relevância estratégica global.
A força das argilas iônicas
O depósito Pela Ema, em Goiás, é uma raridade no mapa global. Por ser formado por argilas iônicas superficiais e de baixa dureza, a extração é mais simples, não exige barragens de rejeitos convencionais e gera menor impacto ambiental.
A Serra Verde desenvolveu uma rota própria com rejeitos secos, reaproveitamento contínuo de água e uso predominante de energia hidrelétrica. O resultado é uma operação mais limpa, segura e previsível.
Isso coloca o Brasil em vantagem competitiva frente a operações internacionais de hard rock.
Onde a geopolítica entra na história
Hoje, quase toda a separação de terras raras pesadas e parte significativa da produção de ímãs acontecem na China. Enquanto Estados Unidos e Europa tentam montar suas próprias cadeias de suprimento, enfrentam dois desafios: falta de matéria-prima pesada e incapacidade de separação em escala industrial.
É nesse ponto que a Serra Verde se destaca. Com um depósito de longa vida útil, pureza elevada e produção crescente, a empresa se posiciona como o fornecedor mais relevante do Ocidente para atender à nova indústria tecnológica global.
Exportação e construção de uma cadeia brasileira
A Serra Verde exporta para mercados que estão desenvolvendo novas plantas de separação, especialmente na Ásia, Américas e Europa. Paralelamente, observa o potencial do Brasil, que possui mais de 20% das reservas globais e uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo.
A operação em Minaçu já gera empregos, movimenta a economia local e chama a atenção de governos internacionais. Pela primeira vez, o Brasil tem a oportunidade real de construir uma cadeia completa de terras raras.
Sustentabilidade como fundamento
A Serra Verde opera com padrões ambientais rigorosos, utilizando rejeitos secos, reciclagem de água, controle de emissões e monitoramento permanente. No aspecto social, investe no desenvolvimento de Minaçu e no relacionamento com as comunidades locais.
O que vem pela frente
Entre 2027 e o início da próxima década, a Serra Verde projeta produzir entre 4.800 e 6.500 toneladas anuais de óxidos de terras raras. A companhia também avalia expansões que podem dobrar a produção sem reduzir a vida útil do depósito.
Goiás agora ocupa posição estratégica no mapa mundial das terras raras.
Em um momento em que tecnologias avançadas dependem de materiais críticos, a Serra Verde coloca o Brasil dentro de uma conversa que, por décadas, parecia distante. O país entra no centro da transição energética mundial com protagonismo e responsabilidade.
A transição energética e a corrida global por minerais estratégicos já estão redefinindo mercados, cadeias produtivas e oportunidades de investimento.
Entender como movimentos estruturais — como a ascensão da Serra Verde — podem influenciar setores, regiões e tendências de longo prazo é essencial para tomar decisões com visão estratégica.
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